segunda-feira, 21 de maio de 2007









As noites de Iracema






Pelos bares da Praia de Iracema passeiam sexos
Famintos de fome
Pelos bares da Praia de Iracema passeiam sexos
Famintos de sexo
Pelos bares da Praia de Iracema passeiam sexos
De dez, vinte e cinqüenta reais
Para matar a fome de homens famintos de sexo
Para matar a fome de mulheres famintas, de fome.

Pelos bares da Praia de Iracema se olham
Olhares de angústia
Se olham olhares de medo ou repulsa
Olhares que se entendem
Que se sabem desespero.

Que fazem amor com desamor
Com ódio
Sexos que se sabem dor
Que se sabem necessidade
Do pão de cada qual a cada dia

Pelos bares da Praia de Iracema
Olhares se vendem silentes
Olhos embaçados de lágrimas internas

Em troca do pão e leite de cada filho
De cada menina mãe
Do pão e leite de cada dia

2 Comentários:

Às 29 de dezembro de 2010 às 04:10 , Blogger Waleska disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 29 de dezembro de 2010 às 04:12 , Blogger Waleska disse...

Um poema que conseguiu retratar a realidade de meninas e mulheres que ainda vivem em condições desumanas, vítimas do descaso de políticas públicas no Estado.

 

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